sábado, 26 de maio de 2012

Abscesso cerebelar




Peça SN-44. Abscesso cerebelar. Num dos hemisférios cerebelares há uma cavidade de parede lisa cujo conteúdo purulento extravasou ao corte. Esta cavidade corresponde a um abscesso. O abscesso é um processo inflamatório purulento localizado que cria uma cavidade nova através de necrose liqüefativa. Esta é causada por enzimas proteolíticas das bactérias e dos neutrófilos que afluem ao local. O diagnóstico diferencial aqui é com um infarto antigo. No infarto não há formação de uma cavidade vazia e de paredes lisas. O interior fica parcialmente preenchido por traves de tecido nervoso gliótico e por vasos preexistentes que cruzam a cavidade. No abscesso a necrose liqüefativa destrói todos os elementos, inclusive vasos, que são substituidos por exsudato purulento. A cavidade no infarto tende a colapsar-se (após a reabsorção do tecido necrótico). No abscesso a cavidade fica aberta e preenchida por pús. Contudo, se há tratamento e sobrevida, o exsudato é reabsorvido e a cavidade do abscesso também colapsa, mas fica delimitada por uma camada de fibrose e tecido nervoso gliótico. A superfície interna desta cavidade é lisa. Ver peças de abscesso cerebral (SN-13) e de infarto antigo (SN-108) para comparar.


Aprenda mais sobre este assunto em: Textos de apoio; Neuroimagem; Banco de imagens: meningite; abscesso;
Lâmina: A. 76.
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Tuberculose primária progressiva

Complexo primário em pulmão de criança



Disseminação hematogênica - Meningite tuberculosa


Peça SN-3. Tuberculose primária progressiva (complexo primário + meningite tuberculosa).
Numa minoria de casos, a tuberculose primária não se cura espontaneamente mas, ao contrário, evolui para uma grave disseminação pelo organismo que, se não tratada, é fatal. A isto se chama tuberculose primária progressiva. Neste pulmão de criança observa-se o complexo primário tuberculoso, composto pelo nódulo de Ghon e pela adenite satélite. O nódulo de Ghon está na localização característica: subpleural e na região média do pulmão. Embora pequeno, apresenta necrose caseosa. A partir dele, os bacilos migraram pelos linfáticos até um linfonodo hilar, onde a lesão tuberculosa foi maior, com extensa necrose caseosa. O conjunto das duas lesões é chamado lesão em halteres (= complexo primário), pois lembra as bolas de um haltere com a barra (não visível) representando a via linfática de disseminação.
A partir destas lesões, especialmente no linfonodo, os bacilos podem atingir as veias ou as artérias pulmonares, resultando em disseminação hematogênica. Um dos órgãos mais atingidos é o cérebro, na forma de meningite. Como outras meningites crônicas, a meningite tuberculosa atinge mais a base cerebral do que a convexidade. O exsudato e/ou os granulomas espessam a meninge, envolvendo vasos e nervos e dificultando sua identificação. As conseqüências podem ser arterites e flebites levando a trombose, e lesão de nervos cranianos, causando surdez e estrabismo. Pode também haver obstrução ao fluxo liquórico causando hidrocefalia (não demonstrada aqui).

Aprenda mais sobre este assunto em: Texto de apoio;
Patologia Geral, Inflamações: peças e lâminas de tuberculose.
Neuroimagem; Banco de imagens: neurotuberculose
Lâmina: meningite tuberculosa A. 273.
entares
Meningite tuberculosa em adulto


Peça SN-23. Meningite tuberculosa em adulto. Há exsudato espesso e leitoso preenchendo o espaço subaracnóideo da base cerebral, especialmente do quiasma óptico à transição bulbo-pontina. A artéria basilar e vários nervos cranianos estão recobertos por exsudato e não são distinguíveis. Não se notam tubérculos por ser a reação predominantemente exsudativa. A meningite tuberculosa, como outras meningites crônicas, afeta mais a base cerebral. As meningites purulentas comuns (por bactérias piogênicas) afetam predominantemente a convexidade.

Aprenda mais sobre este assunto em: Texto de apoio
Patologia Geral, Inflamações: peças e lâminas de tuberculose.
Neuroimagem; Banco de imagens; Lâmina:A. 273.
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NEUROTUBERCULOSE O Mycobacterium tuberculosis atinge o SNC por via sanguínea, a partir geralmente do pulmão.
Em crianças em que o complexo primário evolue mal, resultando em disseminação hematogênica dos bacilos (tuberculose primária progressiva), é comum o acometimento do SNC. Esta é a forma de neurotuberculose mais encontrada em países pobres.
Em países onde a doença é melhor controlada, a tuberculose do SNC é mais comum no adulto, após reativação de um foco pulmonar (tuberculose pós-primária).
Anatomia Patológica
A neurotuberculose se manifesta como leptomeningite, sendo as meninges da base mais acometidas que as da convexidade, como aliás em outras meningites crônicas (criptococose, sífilis).
As lesões podem ser predominantemente exsudativas ou produtivas conforme o número e virulência dos bacilos de um lado e a resistência (natural e adquirida) do hospedeiro de outro.
Quando a reação é produtiva, observam-se tubérculos como pontos esbranquiçados disseminados na leptomeninge. Microscopicamente, são granulomas tuberculosos clássicos, de células epitelióides e gigantes, com necrose caseosa central e halo linfocitário. A coloração de Ziehl mostra poucos bacilos.
Na reação exsudativa, a formação de granulomas é precária ou ausente. Nota-se exsudato homogêneo, branco-acinzentado, rico em fibrina, que preenche o espaço subaracnóideo, acumulando-se nas cisternas da base e mascarando vasos e nervos. Há também exsudato nos sulcos da convexidade. Microscopicamente, as células predominantes são macrófagos e linfócitos no meio de densa rede de fibrina. A transformação em células epitelióides e gigantes é precária ou não ocorre. Há extensas áreas de necrose caseosa no exsudato. Bacilos são abundantes dentro e fora de células.
Os vasos da leptomeninge apresentam espessamento da íntima por células inflamatórias e fibroblastos (endarterite produtiva), que pode causar isquemia e infartos. Os nervos cranianos no espaço subaracnóideo apresentam infiltrado inflamatório e degeneração dos axônios. As lesões de vasos e nervos são mais freqüentes na tuberculose crônica (mais produtiva) do que na aguda (mais exsudativa).
O cérebro revela edema difuso com ou sem hérnias. Os ventrículos podem estar dilatados devido à obliteração do espaço subaracnóideo por exsudato ou fibrose. O epêndima, que normalmente é liso e brilhante, mostra-se fosco, com finas granulações confluentes, denominadas ependimite granulosa. Resulta de lesão das células ependimárias e proliferação dos astrócitos subependimários, que produzem abundantes fibrilas gliais. A ependimite granulosa também ocorre em processos inflamatórios crônicos por outros agentes.
Quadro clínico
É de instalação mais lenta que o das meningites purulentas. Consiste de cefaléia progressiva e insidiosa, mal estar, febre, perda de peso, náuseas, vômitos e sinais meníngeos.
O exame do líquor, essencial para o diagnóstico, revela hipertensão. O aspecto é claro ou levemente opalescente (ao contrário das meningites purulentas). Se deixado em repouso, forma-se um retículo de fibrina na superfície que é considerado sugestivo de etiologia tuberculosa. Há pleocitose de mononucleares, com variável participação de neutrófilos. A proteína está aumentada e a glicose cai, embora nunca esteja ausente. A pesquisa de BAAR é positiva em até 90% dos casos.
TUBERCULOMAS
São granulomas tuberculosos sediados no parênquima cerebral e não nas meninges. Menos freqüentes que a meningite tuberculosa, podem variar de poucos milímetros a vários centímetros, assemelhando-se a neoplasias. Podem ter qualquer localização, como cerebelo ou ponte. São arredondados e constituídos por necrose caseosa com graus variáveis de calcificação. A reação granulomatosa é mais evidente na periferia. Causam efeitos compressivos, como qualquer lesão expansiva.
Patogênese
Admite-se que os bacilos que chegam ao SNC pelo sangue se localizem inicialmente no parênquima, constituindo pequenos tuberculomas, alguns dos quais em contato com a leptomeninge. A meningite tuberculosa se desenvolve quando o conteúdo caseoso de uma destas lesões, rico em bacilos, se rompe no espaço subaracnóideo, disseminando-os pela leptomeninge. Esta teoria foi apresentada por Rich (1951) e um granuloma como acima descrito é chamado foco de Rich.
Outra forma importante de tuberculose que lesa o SNC é a de coluna vertebral, ou mal de Pott. Ocorre por disseminação hematogênica ou por propagação a partir de linfonodos paravertebrais que drenam lesões tuberculosas pulmonares. A infecção se inicia no osso esponjoso das vértebras, geralmente torácicas ou cervicais, destruindo o corpo vertebral e o disco intervertebral. Leva a colapso da vértebra, compressão da medula e paraplegia. Do osso, o processo pode estender-se ao espaço epidural espinal, que é amplo e frouxo.
SÍFILIS
A sífilis acomete o SNC principalmente no período terciário, embora nos períodos primário e secundário haja alterações liquóricas assintomáticas.
As lesões do período terciário são divididas em neurosífilis meningovascular e neurosífilis parenquimatosa, esta última sob as formas de tabes dorsal e da paralisia geral sifilítica. Estas lesões são muito raras hoje em dia.
A neurosífilis meningovascular é uma meningite crônica sifilítica. As lesões predominam na leptomeninge da base, que se mostra difusamente espessada, dificultando a identificação de nervos e vasos. Histologicamente, há infiltrado inflamatório crônico na leptomeninge, constituído por linfócitos e plasmócitos, chamando a atenção a riqueza destes. As pequenas artérias meníngeas apresentam endarterite produtiva, que pode causar lesões isquêmicas do parênquima. Outras complicações são hidrocefalia interna e lesões de nervos cranianos.
A tabes dorsal é peculiar à sífilis e consiste na atrofia e desmielinização dos funículos posteriores da medula espinal. Existe fibrose da leptomeninge espinal na face posterior e degeneração das raízes posteriores. Admite-se que a lesão radicular seja secundária à leptomeningite crônica. Clinicamente há ataxia sensitiva, perda da sensibilidade profunda e de posição, positividade do sinal de Romberg (impossibilidade de manter-se de pé com os olhos fechados), marcha de base larga e talonante (batendo os calcanhares com força no chão para sentir onde pisa), parestesias, dores lancinantes nos membros, distúrbios esfinctéricos e da potência sexual.
A paralisia geral sifilítica é uma encefalite crônica de longa duração, causada pelo Treponema pallidum, que pode ser demonstrado por impregnação argêntica no parênquima nervoso. Há perda progressiva dos neurônios, ativação da micróglia (células em bastonete), proliferação dos astrócitos fibrosos (gliose) e infiltrado linfoplasmocitário perivascular. Macroscopicamente, há atrofia do córtex cerebral, mais nítida nos lobos frontais, e fibrose da leptomeninge da convexidade. Ao corte, nota-se dilatação ventricular ex-vacuo (i.e. secundária à redução do volume do parênquima) e ependimite granulosa. As manifestações clínicas são psiquiátricas, com alterações de personalidade e afeto, ilusões de grandeza, perturbações do intelecto e da memória, progredindo para a demência se não tratada.


  1. NAS MENINGITES PURULENTAS, HÁ MAIOR ACOMETIMENTO DA LEPTOMENINGE DA CONVEXIDADE.
  1. NAS MENINGITES CRÔNICAS, HÁ MAIOR ACOMETIMENTO DA LEPTOMENINGE DA BASE.


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A. 283
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